O que é Scaled Agile Framework? (SAFe)

Saiba mais sobre o Scaled Agile Framework (SAFe) e os princípios e entenda como ele se diferencia de outras estruturas ágeis.

Jessica Piikkila Por Jessica Piikkila
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O Scaled Agile Framework® (SAFe®) é um conjunto de padrões organizacionais e de fluxo de trabalho para implementar práticas ágeis em escala empresarial. A estrutura é um conjunto de conhecimentos que inclui orientação estruturada a respeito dos papéis e responsabilidades, como planejar e gerenciar o trabalho e os valores que devem ser defendidos.

O SAFe promove o alinhamento, a colaboração e a entrega entre diversas equipes ágeis. Ele foi formado por três conjuntos de conhecimento primários: o desenvolvimento ágil de software, o desenvolvimento enxuto de produtos e o pensamento sistêmico.

Conforme os negócios aumentam, o SAFe apresenta uma abordagem estruturada para escalar a agilidade. Há quatro configurações no SAFe para lidar com diversos níveis de escala: Essential SAFe, Large Solution SAFe, Portfolio SAFe e Full SAFe.

Dean Leffingwell e Drew Jemilo lançaram o SAFe em 2011 para ajudar as empresas a desenvolver sistemas e produtos de software melhores e que atendessem melhor às necessidades em constante mudança dos clientes. Ao mesmo tempo, as equipes usavam os processos tradicionais de gestão de projetos para entregar produtos de software. Mas, conforme a necessidade para responder com rapidez às mudanças das condições de mercado aumentou, estruturas novas surgiram para ajudar os negócios a melhorar a entrega de soluções nas empresas. Foi assim que o SAFe nasceu. Hoje, o SAFe é uma das estruturas de entrega ágil em escala mais populares, e as pessoas que usam essa metodologia continuam desenvolvendo melhorias.

Princípios e valores principais

Principais valores

Os principais valores do SAFe descrevem a cultura que a liderança precisa criar e como as pessoas devem se comportar dentro dessa cultura para usar a estrutura com eficácia.

Alinhamento

O SAFe exige que as empresas apliquem cadências de planejamento e reflexão em todos os níveis da organização. Com esses aspectos em vigor, todos vão entender o atual estado do negócio, os objetivos e como todos deveriam se mover juntos para atingir tais objetivos. Ao se sincronizar as pessoas e as atividades com regularidade, todos os níveis do portfólio se mantêm alinhados. As informações fluem em todas as direções em um tempo bom, diferente das estruturas tradicionais de cima para baixo, de comando e controle.

Qualidade integrada

Na estrutura SAFe, a agilidade nunca deveria prejudicar a qualidade. O SAFe exige equipes em todos os níveis para definir o que "feito" significa para cada tarefa ou projeto e para criar práticas de desenvolvimento de qualidade em todos os contratos de trabalho. De acordo com o SAFe, há cinco dimensões chave para qualidade integrada: fluxo, qualidade da arquitetura e design, qualidade do código, qualidade do sistema e qualidade da versão.

Transparência

O SAFe incentivo o comportamento baseado na confiança, o que inclui planejar o trabalho em conjuntos menores para que os problemas possam vir à tona mais cedo. Isso permite a visibilidade em tempo real no progresso do backlog entre os níveis e inspecionar e adaptar hábitos.

Execução do programa

A execução do programa é o coração do SAFe e aciona tudo na estrutura. Equipes e programas precisam ser capazes de entregar qualidade, trabalhando em software e valores de negócio de maneira regular.

Liderança

O SAFe exige o comportamento de liderança ágil e enxuta porque apenas líderes podem mudar o sistema e criar o ambiente necessário para envolver todos os principais valores.

Princípios do SAFe

Os princípios do Scaled Agile Framework foram criados para melhorar a empresa como um todo, incentivando a tomada de decisões ágil e enxuta para além dos limites funcionais e organizacionais. Os princípios têm como objetivo influenciar as decisões de líderes, gerentes e funcionários, além de mudar a mentalidade do tradicional pensamento em cascata para o pensamento ágil e enxuto, em que práticas como a gestão enxuta de portfólio são aplicadas.

Princípio 1: entenda o panorama econômico

Inspirado nas teorias de fluxo de desenvolvimento de produtos do best seller de Donald Reinertsen, atingir o menor tempo de espera possível exige que cada pessoa na cadeia de decisões entenda as implicações econômicas dos atrasos. Entregar mais cedo e com frequência nem sempre é o bastante. De acordo com o SAFe, colocar os trabalhos em sequência para ter o máximo de benefícios, entender as trocas econômicas e operar com orçamentos enxutos são responsabilidades que precisam ser compartilhadas por toda a organização. Muitos desses conceitos e ferramentas foram criados com base nas teorias de Reinertsen sobre o fluxo de desenvolvimento de produto.

Princípio 2: aplique o pensamento sistêmico

O SAFe incentiva as pessoas a usar a estrutura para aplicar o pensamento sistêmico em três áreas principais: na solução em si, na criação do sistema e nos fluxos de valor. As soluções podem se referir a produtos, serviços ou sistemas entregues para o Cliente, sejam eles internos ou externos à empresa.

Grandes soluções têm muitos componentes conectados entre si. Por isso, os membros da equipe devem ter uma perspectiva mais ampla de como esses componentes se encaixam no todo. Ao pensar na criação do sistema pela própria empresa, quem usa o SAFe deve considerar as pessoas, a gestão e os processos da empresa. Assim, se uma empresa quer melhorar a forma como as pessoas trabalham, talvez seja necessário eliminar silos, virar multifuncional e firmar novos acordos de trabalho com fornecedores e clientes. Além disso, a empresa vai ter que definir com clareza como o valor passa da teoria para o lucro nos fluxos de valor de desenvolvimento de soluções. Lideranças e gestão precisam maximizar o fluxo de valor entre os limites funcionais e organizacionais.

Princípio 3: aceite a variabilidade, mantenha as opções

Por padrão, desenvolver sistemas e produtos de software é um trabalho incerto. Esse princípio aborda a incerteza ao trazer o conceito de design baseado em conjuntos, que exige a retenção de vários requisitos e opções de design por um período maior no ciclo de desenvolvimento. O design baseado em conjunto também depende de dados empíricos para restringir ainda mais o foco na opção final do design no processo.

O design baseado em conjuntos ajuda a orientar tomadas de decisão em momentos de incerteza ao identificar opções e resultados pretendidos, como em uma aposta estratégica. O conceito de integrar os "marcos de aprendizado", que se referem ao prazo para uma decisão, é essencial para o design baseado em conjuntos. Quanto mais as equipes aprenderem com o passar do tempo, mais escolhas vão poder eliminar. Quanto mais escolhas eliminarem, mais fácil vai ser identificar o melhor caminho a seguir e produzir o melhor resultado possível para os clientes.

Princípio 4: crie aos poucos, com ciclos rápidos e integrados de aprendizado

Como no princípio 3, esse princípio aborda riscos e incertezas dos marcos de aprendizagem. Não basta cada componente do sistema demonstrar ser funcional. O sistema como um todo precisa ser considerado para avaliar a viabilidade das escolhas de design atuais. Os pontos de integração precisam ser planejados em uma cadência regular para acelerar os ciclos rápidos de aprendizado. Tais pontos de integração são um exemplo do ciclo de planejar, desenvolver, verificar e ajustar de Walter A Shewhart, uma estrutura para melhoria contínua de qualidade e mecanismos para controlar a variabilidade de desenvolvimento. O trabalho de Shewart e aqueles que o têm como base são usados com frequência no SAFe.

Princípio 5: baseie marcos na avaliação objetiva de sistemas que funcionam

A demonstração de um sistema de trabalho real fornece uma base melhor para tomada de decisões do que um documento com exigências ou alguma outra avaliação superficial do sucesso. Incluir as partes interessadas nessas decisões de viabilidade o quanto antes apoia a construção da confiança e o pensamento sistêmico.

Princípio 6: visualize e limite o trabalho em andamento, reduza o tamanho dos lotes e gerencie o tamanho das filas

Limitar o trabalho em processo ajuda as partes interessadas a ver bem como o trabalho está sendo executado.

Os três elementos desse princípio representam as maneiras primárias de maximizar os resultados e acelerar a entrega dos valores — em outras palavras, implementar o "fluxo". Como diz o ditado: "De grão em grão a galinha enche o papo."

No desenvolvimento de software, isso significa limitar a quantidade de trabalho sobreposto, a complexidade de cada item de trabalho e a quantidade total de trabalho abordada em um dado momento. Tamanhos de lote pequenos permitem uma validação regular de que o trabalho está sendo feito da maneira certa. Isso também vale para a gestão dos tamanhos da fila...

Esse princípio busca oferecer orientação para otimizar por melhores resultados.

Princípio 7: dê cadência e sincronize com o planejamento entre domínios

Equipes ágeis aplicam cadência nos sprints ou iterações com naturalidade. Criar uma cadência para todos os assuntos possíveis reduz a complexidade, encaminha incertezas, cria memória de músculos, reforça a qualidade e infunde colaboração. Sincronizar tais cadências permite que as pessoas e as atividades se movam como engrenagens na roda onde as informações aprendidas informam as decisões e o planejamento incremental.

Princípio 8: aumente a motivação intrínseca dos trabalhadores do conhecimento

Inspirado pelo consultor de gestão de influência Peter Drucker e pelo autor Daniel Pink, esse princípio é um dos que a gente mais gosta! É sobre liberar o potencial das equipes e ajudar as lideranças a tomar a perspectiva do treinamento e apresentar às suas equipes em relação a uma mentalidade de comando e controle.

Princípio 9: descentralize a tomada de decisões

Reduzir o tamanho das filas e usar uma abordagem econômica ao descentralizar a tomada de decisão dá às equipes a autonomia de que precisam para trabalhar. Os líderes devem preservar sua autoridade para tomada de decisão para tópicos de importância estratégica e permitir que as equipes tomem escolhas informadas a respeito dos demais aspectos.

Como o SAFe funciona?

As empresas que estão prontas para implementar o SAFe, no geral, têm um patrocínio no nível executivo, um propósito forte de mudança e uma base no Scrum.

A Scaled Agile, Inc. oferece um roteiro de implementação do SAFe que contém etapas específicas sobre como iniciar e preparar a empresa para a implementação em todos os portfólios. As 12 etapas de implementação do SAFe incluem:

  1. Alcançar o momento de virada
  2. Treinar agentes de mudança para a metodologia ágil e enxuta
  3. Treinar executivos, gerentes e líderes
  4. Criar um centro de excelência da metodologia ágil e enxuta
  5. Identificar fluxos de valor e grupos de especialistas (ART - Agile Release Trains)
  6. Criar o plano de implementação
  7. Ficar pronto para o lançamento do ART
  8. Treinar equipes e lançar o ART
  9. Orientar a execução do ART
  10. Lançar mais ARTs e fluxos de valor
  11. Ampliar o portfólio
  12. Dar apoio e melhorar

Como o SAFe se compara com outras estruturas ágeis em escala?

Embora muitas empresas com grandes equipes de desenvolvimento de software adotem o Scaled Agile Framework® (SAFe®), outras estruturas ágeis em escala ganharam força com o tempo. Todas as estruturas para escalar a agilidade têm cinco componentes principais: inspiração dos 12 princípios do Manifesto Ágil, cadência, sincronização, Scrum e práticas de desenvolvimento de qualidade. Entender as origens das outras estruturas, as principais diferenças e as condições para que possam ser aplicadas ajuda as empresas a escolher a que melhor se encaixa nas próprias necessidades.

Quer mais informações sobre algumas das estruturas ágeis em escala? Confira a visão geral da página Ágil em escala no Instrutor ágil.

SAFe x Scrum@Scale

No Scrum@Scale (S@S), todo mundo é parte de uma equipe de Scrum intercambiável. Dependendo dos objetivos, as redes de equipes de Scrum se juntam para formar um ecossistema. O objetivo do S@S é criar uma rede de equipes de Scrum em uma "arquitetura sem escalas", ou seja, os papéis e eventos básicos do Scrum são escalados com linearidade sem incluir dinâmicas ao processo. Por exemplo, um Scrum de Scrums (SoS) pode não ser suficiente para um produto muito complexo com 25 equipes de Scrum. Então, um Scrum de Scrum de Scrums (SoSoS) com um mestre de Scrum de Scrum de Scrums (SoSM) pode ser necessário.

Embora o S@S seja menos prescritivo, ele oferece uma pergunta orientadora para ajudar as empresas a determinar se estão prontas para serem escaladas: se você adicionar mais pessoas ao sistema, o desempenho vai melhorar cada vez mais ou a produtividade vai ser prejudicada?

Assim como no SAFe, o S@S oferece conteúdo de referência on-line, que inclui um guia amplo de Scrum@Scale que está ficando cada vez mais popular.

O S@S é mais bem-sucedido quando

  • A pilha de tecnologia é orientada a objetos (p. ex., histórias verticais do usuário podem ser entregues em duas semanas)
  • As equipes de função de uma empresa têm habilidades tecnológicas, valores centrados em produtos e o mínimo de burocracia
  • Uma ferramenta ágil ou de gestão ágil do ciclo de vida não é necessária até que as práticas sejam comuns
  • A equipe executiva quer colocar o Scrum em prática e remover obstáculos da empresa

SAFe x Scrum em grande escala (LeSS)

O Scrum em grande escala (LeSS) tem uma abordagem minimalista para papéis, estruturas e artefatos. Onde o SAFe oferece quatro configurações para acomodar as equipes de maior e maior tamanho e com soluções cada vez mais complexas, o LeSS oferece duas configurações: LeSS destinado para duas a oito equipes e LeSS Huge para mais de oito equipes. O LeSS também se diferencia no posicionamento de que os proprietários do produto devem ter autoridade total sobre o conteúdo e a influência estratégica, em que o SAFe incentiva uma abordagem mais democrática. Enquanto no SAFe muitos fatores informam a estratégia, o LeSS coloca ênfase em uma abordagem centrada no cliente e voltada a clientes pagantes.

Assim como acontece com o S@S, o LeSS é escalonado com base em eventos, artefatos e funções do Scrum. E tanto o SAFe quanto o LeSS enfatizam o pensamento sistêmico, pensamento enxuto e princípios orientadores semelhantes. O LeSS, porém, prioriza a redução de desperdícios na empresa, com foco na melhoria contínua.

O LeSS é mais bem-sucedido quando

  • As equipes de Scrum dominam o Scrum
  • Os líderes sempre querem reestruturar e experimentar em nome de um bem maior
  • Há um alinhamento sobre a definição do produto
  • Há um alinhamento sobre a definição de "concluído"
  • Mentores externos estão trabalhando com grupos organizacionais, de equipe e técnicos
  • Há equipes de funções versus equipes de componentes com habilidades tecnológicas
  • A empresa quer se livrar por completo do paradigma da gestão de projetos

SAFe versus DA

Diferente das outras estruturas descritas, o Disciplined Agile (DA) é um conjunto de ferramentas que permite com que as empresas decidam qual forma de trabalho é a mais adequada. Ele oferece uma governança ágil e leve que se originou no Scrum e no Kanban, junto com o conhecimento de transformação em áreas de RH e finanças, governança, DevOps, gestão de portfólio etc. O DA envolve o emprego, conforme a situação, de diferentes níveis de escala para cada projeto e enfatiza a tomada de decisões a fim de ajudar a orientar a direção estratégica.

O DA é mais bem-sucedido quando

  • As empresas querem definir os próprios caminhos ágeis em escala
  • As empresas querem permanecer flexíveis por completo
  • As empresas querem preservar escolhas de processo e/ou estrutura

SAFe x Spotify

O "modelo" do Spotify é um conjunto de práticas direcionado para as pessoas e autônomo que podem ser aplicados para coordenar equipes ágeis. Ele não foi criado para ser um modelo ou estrutura, mas alguns negócios o implementam como tal. O Spotify dá ênfase a equipes auto-organizadas, multifuncionais e presenciais chamadas "esquadrões" (o equivalente a uma equipe de Scrum). Em comparação, o SAFe não tem tais estipulações de equipes de localização compartilhada, pois o planejamento de PI é encorajado.

Os esquadrões são organizados em unidades maiores chamadas de "tribos". Há poucas dependências entre eles e, quando um é identificada, ela é solucionada com um Scrum de Scrums. O compartilhamento de conhecimento é possibilitado por meio de "capítulos" e "corporações", grupos informais organizados com bases em conjuntos de habilidade e interesses.

Comparados com outros exemplos, em que os recursos on-line, cursos de treinamento e certificações estão disponíveis, os recursos no modelo do Spotify são limitados a um blog disponível para o público e outras pedaços complementares desenvolvidos por pioneiros e fãs. O modelo está cada vez mais popular, então é bem provável que a gente ainda ouça falar muito dele.

O Spotify é mais bem-sucedido quando

  • Aplica as ideias no próprio contexto de negócios
  • A cultura organizacional tem como foco o aprendizado, permitindo erros e assumindo riscos controlados
  • As equipes e produtos estão "pouco acoplados, mas muito alinhados" para evirar conflitos de dependência

SAFe 5.0

O princípio do SAFe é que ele continua a evoluir em colaboração com a comunidade que o pratica em todo o mundo. Nos últimos anos, a Scaled Agile, Inc. lançou a versão 5.0 do SAFe. Mudanças principais incluíram a adição de um 10º princípio, "Organize os valores ao redor", e mudaram o passo 12 de "Sustente e melhore" para "Acelere". Mas há muito mais envolvido. Está curioso para saber mais? Leia What’s new and what’s changed in SAFe 5.0 no blog.

Conclusão

Estruturas como o SAFe e as outras mencionadas acima são uma opção viável para ajudar empresas a escalar a agilidade com eficiência dentro das próprias organizações e atingir os resultados comerciais esperados. Mas as ferramentas que você escolhe para ampliar as práticas atuais e perceber o máximo de benefícios que elas trazem têm a mesma importância. Aqui entra o Jira Align da Atlassian, uma plataforma de planejamento empresarial ágil criada para o SAFe. Ao usar o Jira Align, você melhora a visibilidade, o alinhamento estratégico e a adaptabilidade da empresa para acelerar a transformação digital.